quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Técnica Alexander não é uma terapia!

A Técnica Alexander não é uma terapia!

Ela é um método educacional revolucionário, criado pelo ator australiano Frederick Matthias Alexander, há mais de 100 anos e que tem sido aplicado com enorme sucesso em diversos países do mundo.

Sendo um método que ensina as pessoas a usarem a si próprias em suas atividades diárias, a Técnica Alexander contribui para evitar tensões desnecessárias, promovendo harmonia e maior vitalidade, oferecendo a cada pessoa a possibilidade de aprender a organizar e harmonizar mais conscientemente a relação entre mente, corpo e o ambiente em que vive.

Somos seres de hábitos. Agimos constantemente por hábito. Muitas vezes, fazemos coisas que, se pudéssemos escolher, não faríamos.

Se tivéssemos maior consciência de que podemos exercitar um pouco mais efetivamente nosso livre-arbítrio, poderíamos escolher, por exemplo, contrair menos grupos musculares para desempenhar determinadas atividades, ou nos esforçaríamos menos para corresponder às expectativas dos outros; talvez tivéssemos maior habilidade para estarmos conectados com o presente.

Porém, uma das razões da nossa falta de habilidade de exercitar o livre-arbítrio reside no fato de que somos escravos de nossos hábitos.

O que pensamos e cremos está cristalizado em nossos hábitos.

Como todas as nossas atividades, sejam elas emocionais, físicas ou mentais, são traduzidas em contrações musculares, nossa vida está sendo traduzida, o tempo todo, em padrões posturais habituais.
É exatamente nesse âmbito que a Técnica Alexander pode ser muito valiosa.

Sem propor exercícios físicos mecânicos, incorporar a prática do autoconhecimento que a Técnica Alexander nos oferece na nossa vida diária pode trazer muitos benefícios, tais como a melhora de nossa saúde e bem-estar assim como a potencialização de nossos talentos.




Equilíbrio mental, físico, emocional e energético

Poderíamos começar a entender um pouco a Técnica Alexander ao esclarecer o conceito de postura.

A postura pode ser entendida como uma atitude interior, psicofísica, inconsciente. Com essa atitude, tentamos nos manter equilibrados para melhor desempenhar nossas tarefas diárias ou para, no mínimo, exibirmos uma aparência mais equilibrada.

O que tradicionalmente compreendemos como má postura é um entendimento limitado, e equivocado, de uma condição psicofísica.


Nossa condição energética traça um quadro mais complexo, que inclui nossas funções mentais, emocionais, espirituais e não somente físicas.

Andar ou sentar torto de uma maneira menos apropriada, que mais cedo ou mais tarde acarretará dores ao limitar a respiração e o movimento, é só a resposta física da nossa atitude interior.


Como se dá?

fator mecânico

Nossa estrutura óssea tem, entre outras, a função de promover espaço dentro de nosso organismo para que todos os nossos sistemas e órgãos possam funcionar adequadamente.

Assim, nosso sistema muscular como um todo é "esticado" em todas as direções a partir do centro, proporcionando uma expansão geral.

Sendo uma estrutura articulada, o esqueleto é equilibrado através da relação simbiótica com a musculatura.
Coordenados, esses dois sistemas podem manter as articulações dos tornozelos, joelhos, coxo-femural, bacia, coluna vertebral e, fundamentalmente, a atlanto-occipital (da cabeça sobre a coluna) equilibradas.

A atenção que conseguimos dar para equilibrar nosso esqueleto, digamos em pé, faz parte dessa relação simbiótica pois quanto mais atenção direcionada conseguirmos oferecer ao organismo, mais equilibrados estaremos e, portanto, menos esforço muscular precisamos fazer.

Assim equilibrado, nosso organismo está com sua musculatura tonificada e, portanto, não desnecessariamente tensionada.


Isso produz uma agradável sensação de bem-estar.

Para conseguirmos estar equilibrados constantemente enquanto nos movimentamos, executando nossas tarefas diárias, se faz necessário desenvolver e praticar essa constante, consciente e relativa atenção: a de uma expandida concentração. Ou seja, agir, sempre que escolher, com o seu centro na ação.


Isso poderia significar o ser, que faz qualquer atividade, no centro de cada ação por ele desempenhada, ao invés de ele considerar a atividade em questão o foco absoluto de sua ação.
fator emocional
Assim sendo, má postura pode ser resumida como equilíbrio precário.

Nosso estado emocional também faz parte da relação simbiótica entre corpo, mente e o ambiente em que vivemos.

Ele expressa nossa personalidade: na postura do nosso corpo, nos nossos movimentos, comportamento e intenções.
Quando estamos nos sentindo bem, nossa saúde parece estar boa e sentimos nossos movimentos livres.


Por outro lado, distorções geradas por contrações musculares desnecessárias, enquanto tentamos simular o equilíbrio, afetam negativamente nosso estado emocional.

O estresse, por exemplo, não é um problema, ele é a resultante de um acúmulo de respostas traduzidas em contrações musculares geralmente desnecessárias.

O problema, portanto, não é nossa postura ou o estresse, o problema é a nossa falta de habilidade de inibir (na acepção fisiológica, e não freudiana, da palavra) para escolher as respostas que realmente queremos consentir aos estímulos dados, controlando melhor assim o estresse.


É precisamente aí, além de alguns outros fatores, que a Técnica Alexander se diferencia de qualquer outro método que busque a mudança, ou propõe buscar um caminho eficiente para o auto-conhecimento, crescimento pessoal e desenvolvimento da potencialidade humana.

Como à felicidade, ao equilíbrio perfeito não se chega: alcançá-los é uma busca constante.

Por nos preocuparmos mais com nossas tarefas diárias do que com nosso bem-estar, esquecemos que a felicidade, assim como o equilíbrio, estão em toda a parte e a todo momento.
E por querermos sempre atingir resultados positivos, como por exemplo sermos felizes ou estarmos equilibrados, assim que ficamos alegres, ou acreditamos ter atingido o equilíbrio, para garanti-los, nos fixamos nesse estado. Ou seja, os perdemos.

Desta forma, na tentativa da busca direta do equilíbrio ou da felicidade, perpetuamos as desnecessárias contrações musculares que nos desequilibram e nos fazem insatisfeitos.

E para reverter essa condição, o único caminho possível é parar de fazer o não desejável para que o melhor aconteça.

fator primordial
Nosso pescoço pode ser considerado como um órgão do equilíbrio. Contraí-lo desnecessariamente altera nosso senso de equilíbrio.


Como ainda não estamos acostumados a desejar, consciente e eficientemente, que nossa cabeça esteja equilibrada livremente sobre a coluna vertebral, tensionamos constantemente nosso pescoço.

Aprender a observar a condição de nosso pescoço e sua coordenação com a cabeça, tronco e membros pode contribuir muito para a eficácia de nosso equilíbrio, melhorando assim a qualidade de nossos movimentos.

Seria desejável que aprendêssemos a trocar um relativo estado de medo (por exemplo: de cair) em que vivemos (pois tensionamos nosso pescoço para nos dar a sensação de estarmos equilibrados e seguros, em última instância, para impedir que caiamos) por um relativo estado de alerta para que não percamos a espontaneidade de nossos movimentos e reações.

Esse relativo estado de alerta contribui para adaptarmo-nos às inevitáveis mudanças impostas pelo nosso dia-a-dia.





Saúde

Nosso organismo é maravilhoso!

Assim que paramos de contrair desnecessariamente nossos músculos, diminuímos também a pressão desnecessária sobre todos os órgãos dos sistemas digestivo, circulatório e respiratório.

Com isso, paramos de restringir a circulação de energia em nosso corpo e dos fluidos que circulam pelos "tubos" condutores de ar e sangue em todo o nosso organismo.

A pressão arterial é regulada.

As funções do cérebro, maestro de todos esses sistemas, ficam mais eficazes.

Desenvolvendo indiretamente o relativo estado de alerta proposto pela Técnica Alexander, conseguimos resultados diretos e positivos nas funções vitais e neuro-musculares de nosso organismo, promovendo alterações significativas na nossa saúde, no nível de nossa atenção e energia vital.





Potencializa nossos talentos


Quanto mais eficazmente desempenharmos nossas funções básicas, de equilíbrio mental, físico e energético, mais equipados estaremos para desempenhar bem o que nos propusermos a fazer.
As idéias fluem melhor, nossos membros obedecem melhor às nossas vontades, e nossas energias internas intuitiva, emocional e mental ficam mais conectadas com nossas intenções.

Donas-de-casa, músicos, atores, esportistas, artistas plásticos, psicólogos, homens de negócios, entre outros, se utilizam muito da Técnica Alexander para melhorar o desempenho de suas atividades.

Aprender a Técnica Alexander é transcender a repetição de exercícios físicos mecânicos para sentar bem ou andar corretamente.

É praticar no dia-a-dia a expansão da concentração e da conscientização das próprias atitudes, contribuindo para nos manter equilibrados, o que por sua vez, tonifica nossa musculatura como um todo, ao invés de simplesmente relaxá-la.

Esse sistema é o mais eficiente recurso que temos não só para curar alguns males comuns de nosso tempo ou prevenir potenciais doenças, mas também e, principalmente, para nos re-educarmos.




Histórico

Apesar de revolucionária, a Técnica Alexander tem mais de cem anos de prática e estudo pelo mundo.

Foi desenvolvida por Frederick Matthias Alexander (1869-1955), na Tasmânia, no final do século XIX por uma questão emergencial.

Alexander, um apaixonado pelos trabalhos de Shakespeare, perdeu gradativamente a voz, seu instrumento de trabalho, e a partir daí precisou compreender melhor que não estava apenas no físico a causa principal de seu problema.

Depois de um longo, persistente e metódico processo de auto-observação, Alexander acabou por criar o que o educador americano John Dewey denominou de "uma fisiologia do organismo vivo".

Depois de quase dez anos de dedicação e sistematização de sua técnica, Alexander e seu trabalho foram recomendados a respeitados e influentes médicos da capital do então Império Britânico, para onde se mudara e estabelecera, em 1904.

Ainda em Londres, onde viveu até seu falecimento, Alexander e seus auxiliares abriram, em 1930, o primeiro curso de formação de sua técnica.

Hoje ela está presente em todos os continentes, com alguns milhares de professores e sendo ensinada nas mais renomadas e respeitadas instituições educacionais de artes do mundo.

Curiosamente, mesmo após um derrame cerebral, Alexander recuperou-se completamente e continuou a trabalhar e difundir seu método até o seu falecimento, em 1955.




Um processo de descoberta

Em aulas individuais, o aluno é estimulado, mediante toques leves das mãos e direções verbais do professor, a desenvolver um certo nível de atenção ao que está se passando no momento em todos os níveis, e principalmente, na relação entre sua cabeça, pescoço e demais partes de seu organismo. Isso contribui para uma ausência de tensão.
Colocando em prática no seu dia-a-dia a atitude vivenciada nas aulas, o aluno inicia um processo de descoberta que poderá ser utilizado, se ele assim o desejar, como uma ferramenta bastante eficaz de desenvolvimento pessoal.

Em outras palavras, ele aprende a usar o seu organismo como todo mais eficientemente.

http://pensarematividade.net/tecnica.shtml

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